Não estamos sós!

Não estamos sós!

Photo by Juliane Liebermann on Unsplash


O ano de 2021 que se encerra foi muito difícil para a maioria de nós. Ficamos sabendo de diversas mortes que ocorreram em nosso país por causa da COVID-19 e o descaso do Governo Federal em relação à compra das vacinas; vimos a fome voltar a fazer parte da vida de diversas pessoas no nosso país, os índices de desemprego e de pessoas morando nas ruas chegarem em níveis alarmantes, e a sensação de estar em um constante pesadelo se fazer presente. Presenciamos, senão em nossa própria família, entre amigos e amigas diversas pessoas com depressão, ou adoecidas mentalmente dado todo cenário de desesperança e desespero no qual fomos inseridos desde o início da pandemia, em 2020. Nesse sentido, foram dois anos de uma sensação de impotência frente a tudo que acontecia ao nosso redor.

Diante de um cenário assim, são várias as pessoas que conhecemos que terminam 2021 esgotadas, sem muitos motivos para celebrarem o Réveillon, sem esperanças para 2022 e uma sensação de que tudo será igual novamente.

Escrever um texto de passagem de ano, que geralmente fala da esperança do novo e que traz a mensagem de que há sempre a possibilidade de renascimento parece algo tão utópico e, não dificilmente, pode até mesmo soar como cruel para com aquelas pessoas que estão desesperançadas e em depressão, como se tudo fosse uma mera questão de “ver o mundo com olhos diferentes”. Sei que não são se trata de mera questão de “ver o mundo” e penso que discursos desse nível geralmente não ajudam muito, ainda que sejam elaborados com as melhores das intenções.

Como teólogo e filósofo cristão, tendo a ver a chegada do novo ano com o olhar da esperança bíblica, aquela que demanda de nós uma postura ativa e de não esmorecimento, em uma constante luta contra as estruturas de morte que atuam em nossa sociedade. Crendo na ressurreição, creio que a vida vence a morte e, por esse motivo, que o mal não vencerá o bem, o que me leva a crer que dias melhores virão. Nesse sentido, tento trazer à memória aquilo que pode me dar esperança, como dizia o poema bíblico de Lamentações 3,21, e tento concordar com Epicuro, grande filósofo grego, que em seu tetrapharmakon dizia que era possível suportar a dor, uma vez que por mais intenso que seja, nenhum mal dura para sempre.

Também me lembro da promessa de Jesus de que estaria conosco até a consumação dos séculos, e que enviaria o seu Espírito, o Consolador, que nos faria lembrar de todas as coisas que nos ensinou. Esse Espírito, que habita em nós, permite-nos manter viva a esperança de dias melhores, bem como nos permite perceber que, na caminhada, por mais sofrida que possa ser, não estamos sós.  Nosso irmão mais velho caminha ao nosso lado, e na presença daqueles e daquelas que amamos podemos sentir a presença de Deus conosco e, por isso mesmo, tornar a caminhada possível.

Com isso em mente, meu desejo é de que nesse novo ano que se inicia nos lembremos dessas coisas e, de alguma forma, que essa memória torne nossos dias mais leves e felizes, mantendo a esperança de que dias melhores haverá de surgir para nosso mundo.

Feliz Ano Novo!

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