De que adianta ganhar o mundo inteiro e perder sua alma?

Há alguns dias, conversava novamente com minha amiga calvinista. Como sempre, foi um momento super agradável de conversa, de novas visões sobre questões do reino e coisas do tipo. Lembro que no fim da conversa, ambos dissemos um ao outro: ” cuidado para não ganhar o mundo inteiro e perder sua alma”

Achei interessante que ambos falaram isso e passei a refletir sobre essa questão. Digo essas coisas por dois motivos: o primeiro é que muitas vezes, no afã de fazermos a vontade de Deus de pregar o evangelho, ajudar os necessitados, amparar a igreja, sustentar os fracos na fé, discipular os novos convertidos, preservar a doutrina da fé junto aos fiés e todas essas incumbências que consideramos como vontade de Deus, acabamos não cuidando de nossa alma.

Dessa forma, no final de tudo, salvamos o mundo inteiro, porém perdemos nossa alma. Perdemos a motivação em servir ao Pai, passamos a não mais reconhecer a graça como graça, antes, começamos a trabalhar para simplesmente alcançar a coroa da vida que está para nós proposta.
E quando isso acontece, é um sinal que começamos a construir a parede do lado errado.

Mas o ponto contrário disso também acontece. Ou seja, quando simplesmente passamos a servir a Deus no plano das idéias. Ou seja, salvamos a todos pelo discurso, abrimos os olhos dos cegos através de novas considerações, nas nossas mentes sempre ajudamos a quem precisa, nossas reflexões traz refrigério aos cansados, porém não agimos de forma efetiva no mundo.

Dessa forma, também salvamos o mundo inteiro, mas perdemos nossa alma, ou seja, não nos importamos mais com as pessoas enquanto pessoas, mas simplesmente nos preocupamos com as pessoas enquanto idéias. E dessa forma também construímos a parede do lado errado.

Penso que a proposta de Jesus para nós era a união das duas questões, pois Jesus foi assim. Abriu os olhos das pessoas tanto fisicamente quanto espiritualmente. Ensinou novos paradigmas, novas visões de mundo, novos pensamentos, mas ao mesmo tempo, mostrou que o reino também é feito de ações ao expulsar demônios, curar enfermos e libertar a todos os oprimidos do diabo.

Penso ser essa a proposta do reino. A conciliação do pensar e fazer. Nunca um fazer sem reflexão, e nunca um pensar que não reflete em ação para Deus no mundo em que vivemos

Mas mesmo assim, é bom pertencer a um Deus que nos entende e que busca que nós aprendamos a ser como Jesus. Nisso consiste a graça: o Pai que pensa e age nos ensinando a pensar e agir.

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Fabrício Veliq
21.09.09 06:53