Mudar a ordem das coisas: algo que Jesus fazia

Mudar a ordem das coisas: algo que Jesus fazia

Photo by Tom Barrett on Unsplash


As palavras e atos de Jesus foram subversivos. Ou seja, mudavam as supostas ordens das coisas, trazendo novas perspectivas sobre como determinada situação deveria ser analisada e decidida. Os exemplos disso são vários ao longo de todos os Evangelhos: a colhida de espigas e as curas feitas no sábado, a conversa com a mulher samaritana, o acolhimento dos publicanos e coletores de impostos, dentre vários outros que poderíamos citar.

Esses atos de Jesus, que também diziam algo, não sem razão, chocaram diversas pessoas da comunidade de Judá do tempo de Jesus. Mais do que todas, foram os religiosos aqueles que se viram confrontados e indignados com essa maneira tão diferente de se falar sobre Deus, revelando-o de uma maneira muito pouco ortodoxa para o ambiente religioso daquela época. Contra a rigidez de um sistema religioso fechado e com seus privilégios, a proposta de um Deus que aceita a todas as pessoas, indiscriminadamente, que não faz acepção entre o que é santo e profano, que considera de igual valor o fariseu que está diariamente no templo e a prostituta que nem podia adentrar nele, que chama aos/às que são consideradas as mais inferiores no estrato social, colocando-as como critério para a entrada no Reino de Deus não parece ser tão agradável assim para os que estão no topo da ordem social.

Essa subversividade, de colocar o que é sem valor para o lugar de valor e reduzir o que é considerado valoroso a algo que deve ser rejeitado não é difícil de aceitar somente para os religiosos do tempo de Jesus. Ainda hoje, é possível perceber que o desejo de poder ainda se faz presente nos meios eclesiásticos, independentemente se católico, protestante, evangélico, ortodoxo, ou pertencente a qualquer outra religião.

A busca pelo poder ainda é uma característica de nosso tempo. O desejo de subjugar, de ser considerado melhor e mais digno/a para se obter privilégios não mudou nos últimos milênios e, possivelmente, não mudará em breve. Talvez seja por isso que a mensagem de Jesus se mostra tão impactante e, ainda hoje, tão difícil de ser posta em prática, embora extremamente simples.

No entanto, não devemos nos enganar. Afinal, o comprometimento ético exigido por Jesus demanda muito esforço e disposição, não sendo algo que se consegue instantaneamente, a partir de uma oração feita em um momento catártico. Não! O discipulado proposto implica a entrega da vida e do coração, ou seja, um comprometimento tamanho capaz de se deixar transformar pelo relacionamento com o Mestre e aprender dele a cada dia.

Dessa forma, como ouvi de um grande amigo, se lemos os Evangelhos e achamos que o que Jesus está falando é super bonito, agradável de se ouvir e simples de se fazer, é porque não estamos compreendendo o que está ali.

O encontro com Jesus, ao longo de todas as narrativas dos evangelistas, foi transformador para toda pessoa que se encontrou realmente com ele. Nenhuma delas, após um contato genuíno, voltou sendo a mesma pessoa, mas mudaram sua forma de ver a si mesma e o mundo à sua volta. Aquilo que supostamente tinha valor passou a não ter mais, tal qual alguém que encontrou uma grande pérola e vendeu tudo o que tinha para poder possui-la.

Essa subversividade dos atos e palavras de Jesus deve fazer parte da vida daquela e daquele que se diz seu seguidor. Sem isso, o que se prega é somente palavras bonitas de se ouvir e histórias maravilhosas, mas que não tocam a realidade para sua transformação efetiva. E a proposta de Jesus, de acordo com o texto bíblico, implica a transformação efetiva da realidade, como primícias da nova criação de todas as coisas, que em esperança se aguarda.

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