Os jogos olímpicos e o Reino de Deus

Os jogos olímpicos e o Reino de Deus

Foto: Rodolfo Vilela/rededoesporte.gov.br/Fotos Públicas


Na semana passada se iniciaram os jogos olímpicos de Tóquio. As Olimpíadas, que estavam agendadas para o ano de 2020, tiveram que ser adiadas devido à pandemia e, mesmo acontecendo em 2021, ainda causa certo receio em muitos atletas e comentaristas devido aos grandes riscos de contaminação que as aglomerações geram.

Esses jogos, iniciados na Grécia em 776 antes da era cristã, foram de grande importância na Antiguidade. De início, faziam parte dos festivais religiosos que aconteciam em homenagem a Zeus. Por ocorrerem na cidade de Olímpia, tais jogos receberam o nome que damos até nossos dias.

Hoje, embora não tenha mais a conotação religiosa que havia na Antiguidade, os jogos olímpicos ainda são um dos maiores eventos esportivos do mundo e não raros atletas desejam fortemente participar desse momento e, quem sabe, receber a tão sonhada medalha de ouro em alguma modalidade.

O fascínio dos jogos olímpicos não é só em nossos dias. Se observarmos o Novo Testamento, principalmente as cartas de Paulo, podemos perceber que ele usa exemplos esportivos para ensinar sobre a vida cristã. Textos como 1 Coríntios 9,24-25 e Gálatas 5,7 indicam isso.

Em 1 Coríntios 9,24-25 se lê: “não sabeis que os que correm no estádio, todos na verdade correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém a incorruptível”; Já em Gálatas 5,7 o mesmo termo “correr” utilizado no texto de Coríntios 9 aparece, o que também dá a entender que Paulo ali também tenha em mente alguma analogia esportista.

Se alargarmos e formos para os textos conhecidos como deuteropaulinos, ou seja, textos que mesmo que atribuídos a Paulo, não foram escritas por ele, tais como 2 Timóteo 4,8, podemos ler ali sobre a coroa da justiça a ser recebida como galardão, o que nos leva a  reconhecer certa conotação do esporte de seu tempo, em que o vencedor recebia a famosa coroa de louros ao vencer determinada prova.

Esses pequenos exemplos nos chamam a refletir. Se nos tempos de Paulo aquilo que acontecia ao seu redor serviu de base para que ensinamentos a respeito do Evangelho de Jesus fossem passados aos seus ouvintes, não deveríamos nós, enquanto cristãos e cristãs, nos atentarmos também aos exemplos que vemos hoje nos jogos olímpicos para também aprofundarmos nosso conhecimento a respeito dos princípios e valores do Reino de Deus? Princípios como a não discriminação por raça, gênero, religiosa, condição social etc, o tratamento igualitário a todas as pessoas, a garantia das mesmas condições a todos e todas que estão participando do torneio, o prezar pela justiça, pela generosidade, pela amistosidade, pelo companheirismo, altruísmo, fair play, dentre tantos outros que poderiam ser listados, apregoados nos jogos olímpicos, são todos também princípios que nós, cristãos e cristãs, compreendemos como sendo propostos pela mensagem amorosa de Jesus.

Em um momento em que vemos o crescimento de movimentos que se dizem cristãos e pregam a discriminação religiosa, a morte, o armamento e a violência, os jogos olímpicos servem para anunciar que um outro mundo é desejável e possível.

Em outras palavras, sevem para nos lembrar de que se aguardamos o Reino de Deus que há de vir, devemos, motivados por essa esperança, lutar contra as estruturas de morte que ainda permanecem em nossa sociedade. Perseverando constantemente, como bons atletas que, como dizia Paulo, somos chamados a ser.

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