Campanha da Fraternidade e sua importância para a unidade cristã

Campanha da Fraternidade e sua importância para a unidade cristã

Cartaz da Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE), edição 2021. Produzida por Ateliê 15


A Campanha da Fraternidade, que acontece anualmente na Quaresma é um evento muito importante para a comunidade cristã brasileira. Sempre trazendo temas de muita importância, mostra que a relação igreja, cristianismo e sociedade não deve ser esquecida. Muito pelo contrário, é necessário que a Igreja se mostre preocupada e ativa na luta contra as desigualdades e estruturas de morte que insistem em se fazer presente em nossa sociedade.

Neste ano, a Campanha da Fraternidade aborda um tema importantíssimo que é a questão da unidade cristã, visando a superação das polarizações e violências características da sociedade contemporânea.  Com isso em mente, a organização deste ano é ecumênica, composta por integrantes da CNBB e do CONIC (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs). Como título da Campanha, vemos: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”, o que mostra a tônica desejada pelos organizadores.

Também o cartaz se mostra muito sugestivo, no qual apresenta uma ciranda, com diversas pessoas, de etnias e idades diferentes. A ciranda, como proposta pelos artistas criadores da arte, mostra “uma grande roda onde não há primeiro, nem último, onde todos formam uma unidade e precisam trabalhar na mesma sintonia e ritmo para não perderem o compasso (Campanha da Fraternidade 2021 – ANEC). Essa imagem representa, assim, o desejo de unidade e esforço comum para se manterem unidos na causa para a qual se unem.

Algo importante de se lembrar é de que a unidade se mostra como marca característica para falarmos acerca da proposta cristã. O próprio Jesus, ensinando aos seus discípulos afirma que o mundo os reconhecerá pelo amor que é dispensado uns aos outros (João 13,35) e, em sua oração, roga ao Pai para que todos sejam um (João 17,21). Nesse sentido, a unidade cristã deve se mostrar como fruto do amor dispensado a cada irmão e irmã.

Num meio em que a cada dia se prega o distanciamento, o embate, a intolerância religiosa e, até mesmo doutrinal, a Campanha resgata um tema central para a fé cristã que é a unidade. Tal unidade, por sua vez, não deve ser confundida com propostas de uniformidade. Enquanto a segunda faz ruir a multiforme graça de Deus, a primeira a afirma, reconhecendo que na diferença de formas de se afirmar a fé cristã se manifesta a beleza e força do amor do Pai.

A Campanha, ao reunir um grande leque de igrejas cristãs, desde matrizes ortodoxas, até igrejas de matrizes evangélicas, reconhece essa diferença que existe entre essas matrizes, considerando-as até mesmo basilares para a vivência da fé dentro da sociedade brasileira. Da mesma forma, ao colocar o diálogo como compromisso de amor, mostra que a abertura para o outro é próprio da compreensão do próprio ser cristão, como também do amor de Deus, que é sempre abertura ao outro, na disposição de ouvi-lo e acolhê-lo em sua diferença.

Se para nós, cristãos, Deus se revela como Trindade, ou seja, pura relação entre as pessoas do Pai, Filho e Espírito, trabalhar para a unidade entre as individualidades cristãs se mostra como necessário e imprescindível para a fé. Nesse sentido, uma Campanha da Fraternidade Ecumênica se mostra fundamental e, por que não, catalisadora de propostas de unidade entre igrejas cristãs que ainda não fazem parte de tal movimento ecumênico?

Que os ventos que inspiram unidade possam sobrar cada vez mais fortes e que tal Campanha seja instrumento do Espírito de Deus na promoção da unidade cristã.

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