Violência ao pobre e necessitado

Violência ao pobre e necessitado

Ao povo da terra oprimem gravemente, e andam roubando, e fazendo violência ao pobre e necessitado, e ao estrangeiro oprimem sem razão. Ezequiel 22:29.
Vivemos tempos complicados em nosso país. As medidas impopulares do atual governo, que a cada dia se mostra mais aberto ao projeto econômico neo-liberal, afetam ainda mais os menos favorecidos e aqueles e aquelas que não tem como se defender. Nosso Congresso, o mais conservador desde a década de 1960 e que se tem mostrado extremamente corrupto, constantemente votam pautas que comprometem de maneira fulcral a qualidade de vida e a dignidade de trabalhadores e trabalhadoras, oprimindo e fazendo violência contra o pobre e o necessitado. Em nome de um “acerto” das contas públicas, tira-se dos que mais necessitam e os condenam a voltarem de onde, há algum tempo, vários deles haviam saído. As pautas da PEC 241, também conhecida como PEC da morte, bem como a pauta da terceirização e da Reforma da Previdência, são apoiadas por aqueles que, em sua maioria, provavelmente, nunca tiveram que passar fome e correr atrás de emprego a fim de conseguirem colocar comida em casa ou sustentar os filhos e filhas. Para os defensores de tais pautas, limitar gastos em uma Educação e Saúde que já são precárias se torna mais correto e necessário do que diminuir pagamento de juros a bancos e cortar regalias de membros do Congresso e Senado Federal.
No caso da terceirização das atividades fim, essa passada na última semana, percebemos a continuação do desmonte dos direitos trabalhistas conquistados com muito esforço e há muito tempo pelos trabalhadores e trabalhadoras. Com essa nova lei, se sancionada pelo presidente, teremos uma maior degradação das relações de trabalho, que desde já, não são igualitárias. Além de facilitar ainda mais os casos de trabalhos escravos, essa lei, claramente, visa empoderar ainda mais aqueles e aquelas que detém os meios financeiros de produção.
É sabido por todos que a maioria dos terceirizados vem de classes mais pobres. Esses, muitas vezes por medo de perderem seus empregos em que recebem um salário baixo que os permita colocar comida em casa e sobreviver se submetem a trabalhos e jornadas extremamente cansativas e perigosas sem, inúmeras vezes, receber a mais por isso. Diante disso, não é difícil perceber que a maioria dos acidentes de trabalhos ocorrem entre os terceirizados, bem como que suas jornadas de trabalho são maiores.
Todas essas injustiças contra os mais pobres e necessitados devem nos fazer lembrar do caráter profético e de denúncia que o ser cristão implica. Denunciar as atrocidades contra os pobres e denunciar as injustiças feitas pelos que governam sobre nós é uma tarefa cristã. No Antigo Testamento, eram os profetas os responsáveis por trazer a voz de Deus ao povo e a seus líderes e não foram poucos os que foram presos, torturados, mortos e perseguidos pelas denúncias feitas contra os governos que oprimiam os mais fracos.
A denúncia dos profetas era algo que incomodava os poderosos de seu tempo e, desde o início da era cristã, a mensagem de Cristo também se mostrou incômoda aos poderosos, visto se mostrar como palavra de confronto e defesa dos pobres e oprimidos. Como exemplo do seu mestre, a Igreja Cristã também nasce como perseguida por negar a adoração a César e declarar que havia outro rei que não era o imperador. Essa Igreja, ao longo de sua história, tem em seu rol diversos mártires que se posicionaram contra a opressão e a injustiça entre os mais fracos. Homens e mulheres que não perderam seu caráter profético de denúncia.
Na situação atual de nosso país, faz-se extremamente necessário que nós que nos dizemos cristãos denunciemos e lutemos contra as leis e as atitudes de governos que insurgem contra os pobres e contra os oprimidos. Não podemos ser omissos diante da precarização das relações de trabalho e do ataque constante aos direitos de trabalhadores e trabalhadoras do nosso país. O Cristianismo é, desde seu nascimento, luta em esperança e, por ser isso, sempre se mostrou também como não aceitação do status quo, sendo por isso, perseguido.

Assim, não nos calemos, mas façamos ouvir nossa voz denúncia e luta em favor dos que sofrem na mão dos mais fortes.

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