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Ontem estava conversando com minha amiga calvinista.
Falávamos sobre músicas seculares e músicas cristã. Um assunto há muito discutido no meio evangélico.
No entanto, o que considero interessante ao discutir isso é a questão da maturidade espiritual em que cada um se encontra no reino.
Por que falo isso?
Gosto de pensar que o desenvolvimento espiritual é da mesma forma que o desenvolvimento humano. Ou seja, da mesma forma que se cresce e se desenvolve na vida natural, assim se faz na vida espiritual.
Para exemplificar:

Vamos lembrar da época em que éramos crianças: quando nossos pais colocavam um pacote de biscoito e dizia para nós: “Não coma, senão você vai apanhar”. Às vezes tentávamos até pegar escondido, mas não sei porque, eles sempre descobriam que nós pegávamos e acabávamos apanhando. Da próxima vez, se não fôssemos masoquistas, não pegávamos por medo de apanharmos da segunda vez.
Vivíamos sempre nesse suplício, a aventura de pegar escondido e o não pegar por medo de apanhar.
Até que chega a adolescência e então nosso drama agora não é mais pegar ou não pegar biscoitos. Antes, queremos aproveitar a vida, sair com os amigos e tudo mais. No entanto, os pais sempre tinham seus relógios que marcavam as horas que tínhamos que fechar a porta de casa. Nem um minuto a mais, nem um a menos. Mesmo que às vezes não dava para chegar no horário, pois o assunto estava muito interessante, estávamos resolvendo os problemas do mundo, salvando o mundo antes da hora de dormir. De toda forma, não havia conversa. Se atrassássemos era o fim. Minutos descontados na próxima saída.
O que se fazia então? Geralmente, e se queríamos sair de novo, chegávamos mais cedo da próxima vez, uma para descontar no saldo devedor do dia anterior, outra para podermos sair da próxima vez que pedíamos. Afinal, chegando pontualmente mostrávamos o quanto estávamos crescendo, o quanto éramos responsáveis e dignos de confiança. Com isso, sempre lembrávamos aos nossos pais: “lembra que aquele dia cheguei mais cedo, agora tenho 30 minutos de crédito com vocês”. e seguíamos no suplício e na corrida contra o tempo todos os dias.
Até que enfim chega a fase adulta. Agora já não somos castigados se pegamos um biscoito na hora errada, já não temos mais hora para chegar em casa, experimentamos o sabor da liberdade tão desejada.
O relacionamento com os pais agora é outro. É um relacionamento de respeito. Agora lhe pedimos opiniões sobre a melhor forma de agir devido às suas experiências de vida, devido à sabedoria que possuem conquistadas através do tempo.
Os pais, mesmo ao ver que muitas vezes suas orientações não são seguidas, se orgulha de ter um filho que é capaz de tomar as decisões por ele mesmo, que é capaz de reconhecer a sabedoria nas palavras deles e seguir.
Os pais reconhecem o amor do filho e o filho ama aos pais e o respeita.

Acredito que a vida espiritual segue da mesma forma

Quando somos crianças na vida espiritual, fazemos as coisas por medo das condenações que nos virão. Ou seja, não ouvimos alguma música secular, não usamos determinada vestimenta, não faltamos aos cultos, não deixamos de ler a bíblia todo dia, não deixamos de orar por causa da condenação que sobreveem a esses que não seguem essas regras impostas.

A adolescência na vida espiritual, considero aquela fase em que fazemos as coisas para Deus porque queremos receber algo em troca. Ou seja, vamos aos cultos, oramos, fazemos o bem, amamos o próximo, ajudamos os necessidados, para que da próxima vez que pedir algo ao Pai, ele veja o excelente filho que sou, o quanto respeito as doutrinas, o evangelho estabelecido e assim me responda de forma mais rápida e sempre na hora que preciso. Afinal, faço por merecer…

Na fase adulta, que é onde o Pai quer que cheguemos, o relacionamento é diferente. Agora o que faço é porque amo ao Pai e não quero fazer nada para entristecer esse amor. Nessa fase me reconheço totalmente responsável pelas minhas atitudes e suas consequências. E o Pai olha para mim e diz: “Finalmente ele chegou onde eu queria”. E isso é muito bom.

O Pai porém, como todo o pai, reconhece as fases em que os filhos estão e entende cada uma das atitudes que os filhos tem em determinadas fases. Contudo, o que ele deseja é que nos desenvolvamos e cheguemos a adultos responsáveis, aqueles que o seguem por amor e nada mais do que isso.
Quando se chega a essa fase adulta, não faz diferença para onde iremos após a morte, se teremos nossas orações respondidas, se seremos ricos ou pobres na terra. Não digo que não pensaremos nessas coisas e que essas coisas não serão importantes para nós, no entanto, a forma como veremos essas coisas é que serão mudadas. O que nos é precioso é estar onde o Pai está.

Dessa forma, se Cristo estiver no inferno, é lá onde iremos querer estar, se ele estiver na terra, é onde queremos ficar, pois o céu é onde está Deus e somente isso.

O Pai deseja isso de nós, que cheguemos a essa fase adulta. Que ao falarmos, ele possa endossar o que falamos, que ao agir, possamos ser aqueles que agem em nome do Pai como representantes dele em qualquer lugar e situação.

E assim o Pai ficará feliz em ver em nós, filhos semelhantes a Jesus.

Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.
2 Pedro (3:18)

Fabrício Veliq
27.06.09 – 20:12

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