Se falei mal, dá testemunho do mal; e, se bem, por que me feres?
“E o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
Jesus lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde os judeus sempre se ajuntam, e nada disse em oculto.
Para que me perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito.
E, tendo dito isto, um dos servidores que ali estavam, deu uma bofetada em Jesus, dizendo: Assim respondes ao sumo sacerdote?
Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; e, se bem, por que me feres?”
João 18:23
Jesus lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde os judeus sempre se ajuntam, e nada disse em oculto.
Para que me perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito.
E, tendo dito isto, um dos servidores que ali estavam, deu uma bofetada em Jesus, dizendo: Assim respondes ao sumo sacerdote?
Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; e, se bem, por que me feres?”
João 18:23
Interessante esse texto. Jesus está respondendo à pergunta do sumo sacerdote a respeito de seu ensinamento no povo judeu. Jesus, ao responder dizendo que já havia falado abertamente ao povo, pede para que o sumo sacerdote interrogue o povo. Frente a isso, é agredido e responde com esse versículo que coloquei acima.
Penso que o texto nos remete a três atitudes que podemos ter frente às situações: a atitude do guarda, a atitude do sumo sacerdote e a atitude de Jesus. Gostaria de refletir um pouco sobre essas três.
A primeira seria a atitude do guarda. Ao colocar a questão: “isso é modo de falar com o sumo sacerdote?” pressupõe que há um tratamento respeitoso que deve se ter diante da autoridade instituída por Deus. A agressão se dá, justamente, porque encara que a resposta de Jesus não é condizente com o que o guarda esperava que fosse essa forma correta de falar. Penso que essa é a atitude daquele que já tem suas formas pré-definidas. Ele age de acordo com essas formas e tudo aquilo que sai dela é digno de ser agredido. Hoje em dia, não é raro de vermos diversos desses guardas romanos em nossos ambientes: são pessoas que já tem suas formas de pensar, agir e falar pré-definidas. Se a atitude não for da maneira como espero, então não pode ser certa, se a forma de buscar a Deus não é a mesma que a minha, essa pessoa não O encontrou ainda, se o jeito de se portar no mundo é diferente da minha é um sem cultura e por aí vai. Geralmente, são essas as pessoas que agridem ao seu próximo dizendo: “isso é forma de agir, de falar, de se portar frente ao sistema que estamos?”. Não digo com isso que não devemos agir, em diversas coisas, dentro do contexto social e cultural que vivemos, contudo o problema está no não se abrir ao diferente, imaginando que somente minha forma de pensar é a correta.
A segunda seria a atitude do sumo sacerdote. Jesus, em sua resposta, remete aos fatos. Ouvimos constantemente a máxima de que “contra fatos não há argumentos”. Eu, sinceramente, tendo a concordar com isso também baseado na premissa de que “nossos olhos não mentem”. Ao propor ao sumo sacerdote que interrogue o povo, Jesus o convida a ouvir baseado nos fatos e não baseado nas falas dos seus acusadores. Muitas vezes, agimos como o sumo sacerdote, não querendo atentarmos aos fatos que estão diante de nós, procurando nos outros respostas para nossas dúvidas e questões, sendo que um olhar mais atento aos fatos nos dariam algumas das respostas que procuramos.
A terceira seria a atitude de Jesus que, a meu ver, remete, em muitos casos, à atitude que Deus tem conosco. Jesus não responde às perguntas do sumo sacerdote, simplesmente pede que olhe os fatos e ouça aquilo que as pessoas tem a dizer o que ouviram e viram. Como já escrevi outras vezes aqui, penso que Deus também não nos responde tudo, antes pede que, através de nossa inteligência, observemos os fatos comprando com o que conhecemos dele (caso queiram ler, está aqui). Além dessa atitude de Jesus, percebemos o questionar de Jesus, algo marcante em seu ministério. Ao propor a pergunta, exige uma justificativa. Nesse sentido, Jesus continua fiel a todo seu ministério de denúncia ao longo de três anos. Penso que a atitude de Jesus nos remete sempre a denunciar o erro e exigir justificativa diante disso. Infelizmente, vivemos em uma cultura em que a omissão e a denúncia não são vistos com bons olhos por grande parte das pessoas, principalmente aquelas que estão no poder. Contudo, o que percebemos em Jesus é uma atitude contrária a isso. Jesus sempre denunciou aquilo que era contrário ao Reino de Deus e, se quisermos ser como Ele, devemos, também, denunciar o erro, visando um mundo melhor, vendo-nos como embaixadores de Cristo na Terra.
Assim, penso que é necessário tentarmos enxergar em qual personagem melhor nos encaixamos e, uma vez enxergado, perguntar a nós mesmos se queremos continuar como estamos ou mudar nossas atitudes no cotidiano. Claro que essas não são as únicas posições possíveis, mas penso que abre-se um leque para novas reflexões.
Reflitamos
Fabrício Veliq
18.10.13 – 15:15