Cá estamos em um mundo apressado
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Vivemos em um mundo apressado. Esse fato pode ser percebido por qualquer pessoa que esteja atenta à sua volta. Um exemplo disso são as mensagens em aplicativos de trocas de mensagens, tais como WhatsApp, Messenger etc. A ideia de que o outro está disponível o tempo todo e por esse motivo precisa dar respostas rápidas às diversas demandas do seu trabalho, vida pessoal, academia etc. é uma realidade na vida de muitas pessoas de nosso tempo. Tal dinâmica, por sua vez, se por um lado facilita a troca de informações e a agilidade de alguns processos, por outro pode causar um stress muito grande e uma cobrança constante por algum tipo de produção.
Ao mesmo tempo, tal dinâmica social pressupõe que todas as pessoas precisam ter uma opinião formada sobre tudo para que, no momento em que tal informação chegue, já se tenha alguma resposta a se dar, algum comentário a fazer, ou alguma crítica a escrever, de maneira que, muitas vezes, na pressa de se dar uma resposta, não se compreende o que determinada fala ou texto quer dizer, surgindo, então, somente mais uma opinião baseada em algum pré-conceito que muito possivelmente já se tenha.
Num mundo apressado como o nosso, muitas vezes se torna difícil para as pessoas compreender algumas parábolas sobre o Reino de Deus contadas por Jesus. Como é sabido, a comunidade que Jesus vivia era em sua maioria de pobres, camponeses e pescadores. Logicamente, a forma de ver o mundo dessas pessoas era bastante diferente da maioria das pessoas que lerão este texto. Isso, não somente por estarmos mais de 20 séculos à frente daquela época, mas porque muito possivelmente, a maior parte dos leitores e leitoras deste texto não estão na zona rural, ou em comunidade de pescadores.
Esse ponto é fundamental para compreender diversos ensinamentos de Jesus a respeito do Reino. Quando, por exemplo, Jesus considera o Reino de Deus como um grão de mostarda que sendo a menor das sementes, ao crescer, torna-se em uma árvore na qual as aves do céu fazem seus ninhos, tal imagem é facilmente compreendida por uma população que vive do cultivo e entende que não é de uma hora para a outra que uma semente se transforma em árvore, mas que isso leva tempo, é necessário cuidado, água na medida certa, boas condições do solo etc. para que tal transformação seja possível.
Quando, então, pensamos na relação que diversas pessoas estabelecem com Deus ou com o próximo, muitas vezes é possível perceber a mesma pressa característica de nossa cultura atual, de maneira que são várias as pessoas que querem se tornar íntimas de Deus após duas idas ao culto, ou ainda aquelas que querem ser melhores amigas de outras, depois de ter curtido duas fotos no Instagram, ou comentado alguns posts no Facebook, irritando-se, ou até mesmo desistindo da possível amizade, caso ela não ocorra de forma tão rápida como o esperado.
De alguma forma, esquecem-se de que para amizades profundas são necessário tempo, momentos de alegrias e tristezas compartilhados, ocasiões que não estão nas redes, paciência. Enfim, é um processo longo e que precisa de cuidado constante, tal como uma semente que, apesar de parecer insignificante, carrega dentro de si o potencial para servir de conforto para muitas pessoas que se achegarão a ela.
Num mundo apressado como o que vivemos, lembrar-se das parábolas de Jesus que envolvem as maravilhas da vida camponesa e pescadora nos ajuda a fugir de querermos tudo para ontem, sabendo que cada coisa tem o seu tempo certo de florescer e perecer, sendo este o ciclo da vida e das situações. Saber esperar e frear a pressa são, portanto, virtudes que se precisam cultivar em nossos dias, caso queiramos uma vida mais tranquila.