Um novo ano de possibilidades

Um novo ano de possibilidades

Foto de Jess Bailey na Unsplash


Uma das grandes características da relação que nós, ocidentais, estabelecemos com o início de um novo ano é a criação de projetos. É muito comum que a poucos dias do Réveillon as pessoas façam suas listas de coisas que desejam fazer, alvos que pretendem alcançar, mudanças que pretendem fazer na vida a partir do novo ano que se inicia.

Às vezes, tais projetos são feitos por mera imposição de algum grupo, seja da empresa em que se trabalha, seja da igreja que se frequenta, ou, ainda, por insistência de familiares e amigos que desejam ter algo para ser cobrado no final do ano que nem se iniciou ainda.

Outras pessoas, diferentemente, têm prazer em fazer tais alvos e resoluções de Ano Novo, comprar planners anuais, divididos mensalmente para colocar ali, de maneira mais detalhada, as expectativas para o próximo ano.

E, claro, há aqueles e aquelas que simplesmente não se importam com isso, e não veem nenhum motivo para fazer tais planejamentos. Seja por considerarem que tais resoluções são somente algo motivado pelo espírito de final de ano sem nenhuma reflexão da possibilidade de sua realização, seja por pensarem que há tantas adversidades na vida e que qualquer planejamento seria mero convite à decepção.

Independentemente de que lado estejamos nessas opções, não podemos negar que fazer planos para novos ciclos é algo que permeia nossa cultura, o que, por si só, nos convida à reflexão.

Da minha parte, sempre penso que cada nova entrada de ano é um convite para a renovação da esperança de que as coisas ficarão melhores do que estiveram no ano passado. Contra todo um pensamento pessimista, principalmente daqueles e daquelas que se dizem cristãs e pregam que o mundo tende de mal a pior porque assim está nos textos apocalípticos bíblicos, prefiro pensar na perspectiva dos Evangelhos, que afirmam que o Reino de Deus está entre nós, crescendo-se e desenvolvendo-se de maneira que não percebemos (tal como fermento que leveda a massa), aguardando o momento de sua plenitude, que vem da parte de Deus.

Pensar assim, claramente, faz ver o mundo de outra forma, de uma maneira mais otimista, reconhecendo que é também nossa responsabilidade, enquanto embaixadores e embaixadoras do Reino de Deus, promover a luta por um mundo mais justo, igualitário, e em que habita a justiça. Essa responsabilidade, por sua vez, fruto da própria esperança que temos desse Reino de Deus que a de vir.

Com isso em mente, o novo ano que se inicia passa a ser visto como um novo capítulo aberto, que pode ser muito melhor do que o capítulo que encerramos na semana passada. Se Deus é amor, como afirma nossa fé, e todo amor pressupõe abertura para novas possibilidades, relacionar-se com um Deus amoroso implica pensar que os eventos não naturais do mundo não estão definidos, estáticos, imutáveis ou pré-determinados.

Muito pelo contrário, estão abertos, prontos para serem alterados de acordo com a liberdade que cada um e cada uma de nós possuímos, o que nos possibilita ver o novo ano que se inicia com melhores olhos.

Seja fazendo planos detalhados para ele, seja não fazendo plano nenhum, vê-lo como possibilidade aberta para o futuro nos convida a, seguindo os ensinamentos de Jesus e baseados na esperança cristã, tentar transformar onde estamos num lugar melhor de se viver nesse novo ano que se inicia, sendo luz no mundo e sal na terra, coisas que só fazem sentido se temos a esperança cristã como pano de fundo de nossa forma de viver.

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