A prática leva à perfeição
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A prática leva à perfeição. Quem nunca ouviu essa frase? Em qualquer área em que se atua, tal ditado é mencionado como incentivo para que se chegue a certo estágio almejado, insistindo na persistência da ação para o aprimoramento de certa habilidade.
Embora aquilo que o ditado nos diz seja facilmente assimilado, é muito comum que em nosso cotidiano queiramos que resultados cheguem o mais rápido possível e com o menor esforço possível. Esse tipo de desejo se manifesta grandemente nos ambientes profissionais. Quem nunca ouviu falar de algum/a colega que, entrando em determinada empresa, com apenas 01 ano já acreditava que poderia ser o chefe de todas as pessoas que com ele/a trabalhava?
Ou ainda, quantos de nós já não nos sentimos frustrados por pensarmos que estamos demorando demais para a aprender algum conceito, alguma ferramenta para o trabalho, ou ficarmos bons em algum esporte? Essa curva de aprendizagem, fortemente conhecida, nem sempre é bem assimilada e não são poucas as pessoas que ao tentarem fazer com que tal curva seja menor, acabam em uma cobrança exacerbada de si, ou tornando tal caminho ainda mais longo.
Toda pessoa que se dedica a algo há algum tempo tem mais clareza do processo dessa aprendizagem, e muito provavelmente, também já experimentou a ansiedade de acompanhar essa curva. Contudo, uma vez alcançado aquilo que se deseja (o cargo, o conhecimento, o corpo etc.) se percebe que tal processo foi fundamental e, mais ainda, a não desistência da prática constante foi essencial para o resultado.
Com relação às coisas do cotidiano e do trabalho não temos muita dificuldade de entender esses processos. Na verdade, de alguma forma, tais processos já estão tão internalizados que achamos muito pouco provável que alguém que não se dedica a algo será um/a expert nele.
Quando, porém, movemos da área do trabalho para as áreas pessoais, é comum que tal princípio de que a prática leva à perfeição não seja tão bem internalizado assim. Tomemos, por exemplo, a questão dos relacionamentos interpessoais. Que todo relacionamento tenha seu momento de grande empolgação e depois se torne estável e sem grandes rompantes é o desejável de muitas pessoas e, no geral, é o que acontece. Basta perguntarmos às pessoas que se relacionam há muito tempo e é praticamente unânime a fala de que a paixão arrebatadora do início tenha dado lugar à constância da relação e à monotonia do dia a dia, sem com isso fazer com que tal relacionamento caminhe para um término.
Ao contrário, é comum que se mencione que diversos ajustes foram feitos ao longo da caminhada e que cada um foi se adaptando ao modo de vida do outro, sendo necessária uma prática constante e diária a fim de fazer com que tal relação perdurasse. Em outras palavras, o amor que sentiram um pelo outro, e que os fizeram se relacionar num primeiro momento, é sustentado por meio das práticas amorosas no dia a dia e, sem tais práticas o próprio relacionamento estaria terminado.
Se falamos sobre a relação com Deus, ela se dá da mesma forma. Quanto mais praticamos aquilo que Deus deseja de nós (que amemos uns aos outros), mais expert ficamos nessa arte e mais próximos dele também ficamos. Ou seja, nas palavras de Willian James, “nossa prática é a única evidência segura, até para nós mesmos, de que somos genuinamente cristãos”.
Dessa forma, não adianta somente ler e estudar sobre fé, sobre trabalho, sobre relacionamentos, ou o que quer que seja. Sem a prática constante, todo conhecimento se torna somente enciclopédico e, efetivamente, não muda em nada a vida daqueles e daquelas que estão ao nosso redor.