Afirmar a esperança: um desafio para o novo ano
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Toda virada de ano é motivo de grande alegria para a maioria das pessoas. Afinal, acaba-se um novo ciclo e, como todo início de alguma coisa nova, tem-se a sensação de que o novo ano que se inicia será diferente, mais empolgante, mais cheio de realizações etc. É até mesmo comum recebermos mensagens, muitas vezes repetidas, desejando as mesmas boas coisas para todo mundo, ainda que durante o ano nada tenha sido feito para que tais coisas se realizassem na vida daqueles e daquelas para quem as mensagens são enviadas.
Este ano, porém, devido à pandemia que assola todo o mundo e, mais ainda em nosso país, no qual a contaminação e as mortes chegam a números exorbitantes, graças a um desgoverno que não prioriza sua população e nega a ciência, vemos desenrolar um cenário bastante diferente do qual estávamos acostumados quando da virada do ano. Em lugar de grandes encontros que reúnem toda a família, amigos e familiares, é demandada de nós a responsabilidade para que a celebração seja somente com o grupo familiar que mora junto conosco, de maneira a evitar a propagação do vírus por meio de aglomerações. Infelizmente, porém, veem-se diversas pessoas não se atentando a tais recomendações e contaminando várias outras de uma vez só em festas com grande quantidade de gente, ou ainda shows e encontros de amigos, o que mostra que ainda permanece em nossa sociedade uma postura egoísta. Nesse cenário, é difícil imaginar que os bons desejos se realizarão no próximo ano, parecendo mais uma questão demagógica enviar essas mensagens para amigos e familiares.
Diante do caos que vemos sobre nosso país em diversas áreas como educação, economia, saúde; diante da ausência de políticas públicas que visem diminuir a propagação do vírus e do aumento dos números de ocupação dos leitos em diversas cidades; diante de uma justiça que comumente é conivente com crimes de responsabilidade por parte dos governantes, não é difícil que tenhamos a sensação de que não há mais saída, de que não adiantam as denúncias e as lutas, enfim, de que o país sucumbirá a tudo isso e, consequentemente, seremos também aniquilados por esse tsunami que tem vindo sobre nós.
No entanto, partindo da fé cristã, é importante, novamente, recuperarmos a mensagem da esperança tão presente no texto bíblico. Nele, percebemos um Deus que sempre caminha com o seu povo, tomando consigo a causa dos injustiçados, dos perseguidos, dos enfermos, dos que não possuem parte na terra, dos desesperançados, daqueles e daquelas que, com coração contrito, clamam por socorro. Essa esperança bíblica nos mostra que Ele não nos deixa só, mas nos garante força e consolo não somente para suportarmos o mal que nos sobrevém, mas também para, baseado na esperança, levantarmo-nos e lutarmos contras as forças de morte que insistem em se fazer presente em nossa sociedade.
O texto bíblico nos mostra que a esperança cristã não é passiva, mas, na força do Espírito de Deus, é voz profética que denuncia e inspira coragem ao povo. Diante disso, nesse novo ano que se inicia, é importante não nos esquecermos de que Deus caminha conosco. Por causa da esperança que temos de que o mundo que habitamos não é da forma como Deus deseja que ele seja, também se faz necessário que cooperemos e lutemos para que a justiça, a igualdade e o amor possam se fazer presentes em nossa sociedade. Em outras palavras, viver de maneira que possamos apresentar as nuances do Reino de Deus que, em esperança, aguardamos.
Feliz Ano Novo!