O que tem a ver o Natal com o Ano Novo?
No próximo domingo finaliza-se o ano de 2017 e acontece a passagem para o ano de 2018. Para os cristãos, esse acontecimento se dá uma semana após a celebração do Natal, em que se celebra o nascimento de Jesus que, cremos, é a encarnação de Deus que traz a reconciliação e uma nova vida para a humanidade.
Uma semana após o nascimento do Salvador, há o nascimento de um novo ano. Nos dois casos, é inevitável não pensar na esperança que ambos os eventos trazem. Sem dúvida, para o Cristianismo, o Natal é uma data mais importante que a celebração de virada de ano, uma vez que na primeira está simbolizada a vinda do Messias prometido, ou seja, aquele no qual se realiza plenamente o plano divino para a humanidade, e no qual se tem o cumprimento da promessa dada no Antigo Testamento. Dessa forma, o nascimento de Jesus remete à esperança de que se Deus cumpriu sua promessa enviando o salvador e ressuscitando-o dentre os mortos, ele também a de cumprir sua promessa de um novo céu e uma nova terra no qual a morte já não mais existe e foi vencida pela vida. Essa esperança, porém, não deve fazer somente esperar o cumprimento da promessa, antes, deve levar à luta pela justiça e em favor dos desfavorecidos desse mundo onde a morte reina. Nesse sentido, a esperança em um Deus vivente e que dá a vida é a fonte de inspiração na luta contra a morte que permanece em nossa sociedade, principalmente, a morte dos marginalizados e esquecidos.
Com isso em mente, o nascimento do Salvador deve nos interpelar, como cristãos, para a forma como vemos o nascimento de um novo ano. É comum esperarmos que o novo ano seja pleno e mais cheio de realizações que o ano que passou. É a esperança de que será diferente nas coisas que não gostamos o que nos faz ansiar sua rápida chegada e fazer as metas para as diversas áreas da vida.
Contudo, algo que precisa ficar claro para nós é que a esperança, sem ação, não passa de espera e, com isso, não gera os frutos que desejamos colher. Da mesma forma que o nascimento de Jesus comemorado há alguns dias nos rememora o plano de Deus para a humanidade e, nesse sentido, nos instiga à luta pelos excluídos da nossa sociedade, assim também a chegada do novo ano deve nos fazer lembrar que novos 365 dias nos são dados para que possamos promover um mundo mais justo e que se importa mais com os outros.
Em uma sociedade na qual o individualismo é marca registrada, a entrega amorosa de um Filho, assim como a entrega amorosa de novos 365 dias, deve fazer com que o Cristianismo atual repense seu papel e se mostre como uma religião que se importa com a humanidade e com os excluídos. A entrega em prol dos outros, a exemplo do Filho que nos foi dado, deve ser a marca de um Cristianismo que se deseja encarnado e seguidor do exemplo de Jesus Cristo.
Com isso em mente, o Cristianismo se mostrará como aquele que não se conforma com o sistema mundano de acúmulo de riquezas, indivualismo e esquecimento dos mais frágeis, antes, como conseqüência da fé no Filho que nos foi dado, se mostrará como entrega às causas dos excluídos e marginalizados da sociedade, lembrando-se que o menino que nos nasceu, nasceu em uma manjedoura, excluído da casa principal, por não haver lugar e que sua vida também foi sempre sem lugar e na luta pelos que não tinham lugar na sociedade de seu tempo.
Temos, então, daqui a alguns dias, novos 365 dias para viver o Evangelho pregado por Jesus e testemunhado pelos apóstolos, a fim de, com nossos atos, pregar a esperança que temos de que a morte não terá mais lugar e vida em sua plenitude será uma constante.
Feliz Ano Novo.