Algo sobre relaciomentos com Deus e com o próximo
Nesses dias tenho pensado sobre questões de relacionamentos.
Conversava com a linda da Andréa nesses dias e falávamos sobre os diversos distanciamentos que colocamos em nossas relações diárias, seja com os amigos, com os familiares, com nossos parceiros e com Deus.
Seria isso consequência do modo como vivemos nossas vidas hoje? Nessa dinâmica desenfreada da ação a qualquer custo? Não é difícil percebermos que vivemos em um mundo que corre.
Cada vez mais estamos sem tempo, mesmo com tantos equipamentos e acessórios para diminuir nosso gasto de tempo. Como exemplo posso citar os módulos bancários para smarphones. Através desses aplicativos pagamos, compramos, consultamos saldos, fazemos transferências e várias outras atividades bancárias, o que, em tese, faz com que tenhamos mais tempo, visto não precisarmos ir ao banco para fazer o que podemos fazer pelo celular.
Contudo, mesmo com todos esses dispositivos online, hightech, ultra power blaster, nos encontramos sem tempo para as atividades que, aos olhos de muitos sejam “gastar tempo”. Afinal, se há o whatsapp, o messenger do facebook, o hangout do gmail, pra que preciso marcar com alguém pessoalmente? Posso mandar uma mensagem virtual e lá estou, presente com meu amigo, meu familiar, minha igreja, etc.
Não entrarei aqui sobre o debate sobre conectividade e presença e sobre as relações que se tem estabelecido de estar conectado mas não íntimo com a pessoa que está do outro lado do mundo ou do bairro.
Gostaria de chamar a atenção para a questão dos relacionamentos na perspectiva do tempo e acredito que isso também pode ser aplicado na nossa relação com Deus, que claro, passa pela nossa relação com o outro.
Para mim é muito comum ouvir alguém reclamando que está longe dos amigos e longe de Deus.
No entanto, percebo que, na maioria das vezes, não percebemos que nossa relação com Deus é estabelecida da mesma forma que estabelecemos nossa relação com o próximo.
Penso ser um grande erro acharmos que o relacionamento com Deus começa da noite para o dia. Em um momento me sinto super afastado de Deus, a seguir faço uma oração ultra blaster plus, por mais sincera que seja, e “boom”, estou extremamente íntimo com Deus e agora sou seu melhor amigo. Não costuma ser assim.
Se pegarmos vários casos bíblicos a respeito de criação de intimidade não foi bem assim que aconteceu. Abraão demorou muito tempo para ser chamado amigo de Deus, os apóstolos foram chamados de amigos depois de 3 anos de intensa convivência com Jesus, e tantos outros como Davi, Elias, Enoque que poderíamos citar nos mostram que a intimidade com Deus não costuma vir da noite para o dia.
Gosto de pensar nessa questão de refazer a intimidade com Deus da mesma forma que penso em refazer uma amizade perdida há algum tempo, seja pela distância, seja pelo esquecimento, seja pelo que for.
No início do retorno nunca temos conversas ultra demoradas, geralmente são conversas meio sem graças, com pouco assunto, etc. Podemos acabar por aí e pensar: “é, não somos mais amigos e acho que não vale a pena tentar”, ou pensar “hum, bom começo. Há abertura para aprofundar um pouco mais”. Escolhendo qualquer uma das duas opções, Penso que há sempre a possibilidade do erro de acharmos que voltaremos a ser íntimos nas primeiras tentativas de diálogo.
Para refazer a amizade são necessárias, em grande parte delas, ligações, sair junto, se abrir para o outro, estar disposto a ouvir, e tantas outras virtudes que todo relacionamento requer. Para isso, penso que duas coisas são imprescindíveis: tanto a disposição de se refazer essa amizade, quanto o dedicar tempo para refazer essa amizade.
Impossível intimidade sem gastar tempo com alguém.
Acredito que com Deus seja a mesma coisa. Se quisermos ser íntimo Dele é necessário dispensarmos tempo com Ele e ter consciência que belas amizades e belos relacionamentos se constroem com o tempo e a disposição em se entregar a esse relacionamento.
Nesse sentido, algo que me chama atenção é o relato da criação em Gênesis 1. Nesse relato Deus cria o mundo em 6 dias e descansa no sétimo. Deus poderia criar tudo de uma vez só, contudo cria dia a dia. Nos primeiros dias cria as coisas mais simples, das quais dependerá todo o resto da criação para, no último dia, terminá-la.
Não seria esse relato um belo exemplo da construção e restauração de relacionamentos? Da mesma forma que a criação é feita dia a dia, os relacionamentos também devem ser criados lentamente, dia a dia, sem pressa de terminar, somente fazendo o melhor para, no final da construção, poder dizer que era tudo muito bom .
Penso que com essa perspectiva, buscar a Deus e buscar ao próximo se torna um projeto de vida. Sempre estou mais perto e, quanto mais perto chego, percebo o quão distante ainda estou.
Pensemos
Fabrício Veliq
24.04.2014 – 06:46
Cara, muito bom seu texto. Bom ver que tem tido boas reflexões assim!
Que bom q gostou, meu caro. Fique a vontade, sempre.