Gosto de pensar sobre a liberdade

Gosto de pensar sobre a liberdade

Gosto de pensar sobre a liberdade. Nesses últimos dias tenho pensado sobre a liberdade dentro de um contexto cristão. Já percebi, ao longo desse tempo que estou na igreja, diversos tipos de relações com a liberdade. Dois deles sempre me chamaram a atenção e são os dois que tenho pensado mais ultimamente devido às últimas conversas que tive com algumas pessoas.
Em primeiro lugar, penso naqueles que não conseguem lidar com o fato de serem livres, aqueles a qual a liberdade é assustadora. Ou seja, elas preferem viver sob o jugo das ordenanças, sob o fardo das condenações, sob o fardo da “lei”.

Penso que isso seja, talvez, o melhor modo que elas tem para caminhar no caminho que julgam o caminho estreito. Diversas vezes já ouvi que esse caminho estreito é um caminho de abnegação das vontades e desejos, que tudo que é da carne é pernicioso, faz mal e não deve ser alimentado nunca por um cristão verdadeiro.
De certa forma, é muito parecido com a visão puritana dos séculos passados e que, em algumas comunidades, vemos até hoje nos nossos dias. Há esses que precisam de ter sempre alguém vigiando, alguém mostrando como se deve andar.
A visão do Deus punitivo, cobrador, que retribuirá cada um segundo suas obras, que condenará os infiéis que não seguem as ordenanças a risca, querendo ou não, penso que é uma visão confortadora para esses que se submetem à essas exigências institucionais e religiosas, afinal, “o sofrimento do tempo presente não se podem comparar com a glória a ser revelada em nós” como diria Paulo em sua carta aos romanos, bem como “aquele que não negar a si mesmo e não tomar a sua cruz e vir após mim, não é digno de mim” como diria Jesus, ou seja, haverá uma condenação aos que andaram como quiseram e há um Deus justo que retribuirá o empenho dispensado.
Claro que com isso temos um problema sério quanto à motivação pela qual se caminha, mas isso não tratarei nesse texto, uma vez que já escrevi diversas vezes sobre esse tema aqui no blog. 
Em segundo lugar, penso naqueles que não entenderam o conceito de liberdade pregado no discurso de Jesus e no discurso de Paulo em Gálatas 5: “para a liberdade que Cristo vos libertou. Permanecei pois livres e não submeteis novamente a jugo de escravidão” e entendem a liberdade como o fazer tudo que se quer fazer na hora que se quer fazer sem se preocupar com os princípios éticos das ações.
Penso que a dificuldade em lidar com a liberdade destes está ligado à concepção de Graça que os mesmos possuem.
Geralmente, por ouvir que agora é a dispensação da graça, que não há condenação para os que estão em Cristo Jesus, que tudo é puro para os puros e outros n textos que podemos pegar, passam a encarar graça como sem limite, graça como sem lei e passam a seguir simplesmente os desejos em fazer as coisas, sem muitas vezes pensar nos princípios norteadores daquilo que julgam ser a palavra de Deus.
A esses, penso que falta a compreensão de que a graça é o fim da lei, pelo fato de re-significá-la de acordo com a mensagem de Jesus, bem como o não entender que um indício de liberdade não é fazer tudo que se quer, mas poder escolher aquilo que não se faz.
Temos um bom exemplo dessa relação da liberdade na parábola do filho pródigo. Pra mim, o filho mais velho exemplifica o primeiro caso, aqueles que não conseguem lidar com a liberdade por não reconhecer a liberdade que o pai nos dá e o filho pródigo, aquele que entende a liberdade como fazer tudo o que se quer fazer.
O caminho que mais me impressiona é o caminho da liberdade do segundo caso, o baseado em Gálatas 5.  Impressiona pois é uma linha muito tênue a linha da liberdade e da graça. Com pequenos deslizes, podemos cair em um caminho que não é o caminho de Jesus. Com o caminho da liberdade, podemos fugir do caminho do amor de Romanos 14 e dessa forma, saímos do caminho de Cristo.
Pensando nesse dois casos, gosto de pensar que o caminho estreito falado por Jesus em Mateus 7:14: ” porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.” em suas pregações possa também ser encarado como o caminho de se andar no caminho da liberdade, caminho que poucos encontram e que conduz a uma vida abundante e em amor como proposto por Jesus.

Pensemos

Fabrício Veliq
09.02.12 – 10:00

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