Olha, aquelas árvores parecem que estão chorando…
E então ela me disse:
Sabe, naquela tarde olhei e vi dois grupos de árvores.
As que estavam na minha frente pareciam que choravam. Encurvadas, aparentavam extrema tristeza. Desfalecidas. Parecia que algo as deixara daquela forma.
Por que será que estariam tão tristes assim? Por que será que traziam a toda aquela faculdade uma cena tão nostálgica? Quem foi o jardineiro que as plantou? E por que será que plantou árvores tristes? Por que todas não eram exuberantes e felizes como às outras que estavam em frente?
Essas que estavam em frente pareciam radiantes, alegres, exultando frente à bela tarde que caía sobre o local. Pensei então: Será que foi o mesmo jardineiro quem plantou os dois grupos de árvores? Ou será que um jardineiro era triste e outro feliz e suas plantas simplesmente refletiam seu próprio estado?
Mas por que culpar o jardineiro?
Pensei comigo mesma que isso não fazia sentido. Afinal, o jardineiro somente plantou essas árvores e cuidou delas. Se umas cresceram e se tornaram tristes e outras se tornaram radiantes, não há culpa por parte do jardineiro que fez seu trabalho.
Será culpa das árvores então? Será que nossas vidas são como as árvores? Ou seja, somos nós quem determinamos o que mostraremos? Ou sempre dependerá dos olhos de outros para nos avaliarem por nossos estereótipos?
Sei no entanto que, para mim, umas árvores choravam e as outras riam.
Resolvi então, como reflexo da minha empatia, chorar com as que choravam e ri com as que riam.
Talvez estivesse mais sensível nesse dia e meu pragmatismo tenha sido deixado um pouco de lado nesse momento para fazer uma pequena reflexão sobre as árvores.
E no final do dia, percebi que o mundo é bonito. Que muitas vezes nos contrastes das situações é que se manifesta a beleza aos que deixam a sensibilidade alcançar os olhos.
Fabrício Veliq
26.06.10 – 14:18