Praticai a hospitalidade
Não vos esqueçais de praticar a hospitalidade; pois agindo assim, mesmo sem perceber, alguns acolheram anjos – Hebreus 13:2.
O tema da hospitalidade é sempre recorrente no texto bíblico. São diversos os casos relatados de homens e mulheres que receberam enviados do Senhor em suas casas e proveram alimentos ou estadia a eles. Podemos citar o caso de Abraão, Ló, a mulher de Suném relatada no livro de 2 Reis, Lídia, no livro de Atos que, após ser batizada, convida Paulo para ficar um tempo em sua casa e ainda vários outros que poderiam compor essa lista.
A questão da hospedagem sempre esteve ligada à questão do estrangeiro, àquele que chegava na cidade e não tinha ninguém a quem recorrer. O povo de Deus deveria, assim, se mostrar hospitaleiro, receber e cuidar desse que era de fora.
Com isso em mente, se observarmos atentamente, o tema da hospitalidade está totalmente ligado ao tema da abertura. Hospedar alguém em nossa casa tem a ver com estarmos abertos em depositar confiança na pessoa que acolhemos e estarmos dispostos a, durante certo tempo, fazer dessa pessoa parte da nossa família.
O texto bíblico nos chama à hospitalidade não somente para os que são nossos amigos e conhecidos, mas mais ainda, nos chama à hospedagem ao estrangeiro, ou seja, a alguém que é totalmente diferente de mim e do qual, geralmente, conheço muito pouco. Nesse sentido, a hospitalidade é também um ato de fé.
Dentro do contexto bíblico, a questão da hospitalidade tem a ver com a moradia e a alimentação do estrangeiro que chega. Ainda que isso ainda possa ser considerado como hospitalidade em nossos dias, afinal, todos e todas precisamos de comida e habitação, creio que é interessante pensarmos também a questão da hospitalidade em um sentido mais amplo.
Se consideramos que a hospitalidade tem a ver com a abertura àquele ou àquela que me é diferente, então, em nossos dias, precisamos também estar dispostos a dar hospedagem aos pensamentos e ideias que são divergentes das que temos, bem como estarmos dispostos a ouvir atentos ao que o outro tem a me dizer, reconhecendo que, muitas vezes, há grande sabedoria e grandes verdades sendo ditas por aqueles e aquelas que não fazem parte do meu mundo e da minha cultura.
No mundo atual que vivemos em que se tem crescido os aspectos da xenofobia e da discriminação, nós, enquanto cristãos, somos chamados a sermos hospitaleiros. Hospedar aos que tem uma religião diferente da nossa, aos que tem uma orientação sexual diferente da nossa, aos que possuem visões de mundo diferente das nossas e lutarmos para que tenham uma vida digna e uma vida que seja verdadeiramente uma vida em abundância.
Ao nos abrirmos para os que pensam diferente, temos a oportunidade de descobrirmos visões belíssimas de mundo e ensinamentos profundos de vida que, em nosso mundo fechado, provavelmente, jamais alcançaríamos.
Dessa forma, penso que estarmos dispostos e abertos a acolher o diferente em nosso meio pode nos trazer grandes surpresas e, mais tarde, podemos perceber que, ao fazer isso, estávamos hospedando verdadeiros anjos de Deus em nosso lar.